sexta-feira, 30 de maio de 2014

"Você conhece Hélio Oiticica?"

Aqui, no Rio de Janeiro, há algum tempo começaram a espalhar um lambe-lambe nos muros da cidade que contém a pergunta: "Você conhece Hélio Oiticica?"
E aí? Você conhece?

Bom, eu o conheci mais à fundo quando entrei na faculdade. Antes já tinha ouvido falar mas não conseguia relacionar a pessoa à obra. Então, para não haver mais dúvidas, quero contar um pouco da importância que esse artista teve na arte brasileira.
Hélio Oiticica (1937-1980) é considerado como um dos artistas mais revolucionários que existiram e um dos responsáveis pela transição da arte moderna para a arte contemporânea, sendo assim, conhecido internacionalmente.


Em 1955 adere ao Concretismo e posteriormente ao Grupo Neoconcreto, com obras que muitas vezes superam o quadro.
Relevos Espaciais
Tocado pelas vanguardas artísticas e políticas, o artista inovou ao criar obras de caráter experimental, na qual o espectador passava de mero observador à participante, ou seja, o fenômeno artístico dependia da relação entre objeto e operante.
Exemplos disso são os "Parangolés" e os "Penetráveis", por exemplo o de nome Tropicália que inclusive ajudou a consolidar o movimento tropicalista na música brasileira.
Parangolé
Tropicália
O artista visual ainda desenvolve o conceito de "supra sensorial
(autoconhecimento do indivíduo em experiências graças a entrega de suas capacidades de percepção e sensação), vai contra a arte elitista e conformista, apoia a arte em lugares públicos, "onde proposições abertas devem ocorrer" e a criação de Núcleos e Bólides, Crelazer, Éden, Cosmococas, Newyorkaises e do conceito Seja Marginal, seja Herói.

Para os ainda interessados, Hélio Oiticica é tema de um documentário lançado por seu sobrinho, César Oiticica Filho, que busca apresentar o artista a todos nós, refazendo a trajetória de 30 anos de atuação de seu tio. O filme começou a ser pensado há dez anos e reúne gravações feitas pelo próprio Hélio.
filme "Hélio Oiticica" produzido em 2012, ganhou o Prêmio Caligari no Festival de Berlim no ano passado.
Existe, também, o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, com galerias para exposições que recebem mostras de artistas nacionais e estrangeiros. Além de abrigar, preservar e divulgar a obra do artista plástico. O endereço fica na Rua Luís de Camões, 68, Centro, Rio de Janeiro.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Toda arte é política?

Diante de toda essa efervescência política, cultural e econômica que acontece não só no Rio como no Brasil e acredito que no mundo inteiro, reflito tanto em sala de aula com os professores como sozinha, sobre os efeitos disso tudo em nossas vidas.
A opinião de quase todos que converso é a de que a vida está difícil de se viver. Cansativa para qualquer um e que não anda trazendo muitos benefícios. Notam-se longas jornadas de trabalho e um baixo salário que não dão conta do padrão de preços que estão nos supermercados, nas lojas de roupas etc.
A passagem da vida infantil para a vida adulta definitivamente não é fácil e estou sentindo na pele essas primeiras responsabilidades que a vida real e dura traz consigo. Ando reparando muito mais na vida do trabalhador brasileiro, nas condições miseráveis de transporte, saúde, na agonia da volta pra casa, na violência que nos cerca e isso me revolta.
A partir dessa realidade, questiona-se bastante se a arte feita hoje em dia não acaba sendo quase sempre política, pois os tempos atuais pedem um ativismo e vejo a arte como uma escapatória (no sentido de buscar uma solução) mas ao mesmo tempo como um enfrentamento a essas questões.
Durante uma leitura da revista select me deparei com a pergunta: "toda arte é política?" e todos esses pensamentos, já citados, vieram ainda mais à tona. A partir disso, selecionei as frases que mais me identifiquei na matéria de artistas que responderam à essa pergunta. E, assim, sigo buscando até encontrar a minha opinião.

Marco Giannotti (artista e professor da usp)
"Toda arte é política, é constitutiva de toda cidade (pólis), assim como a política pode ser uma arte. Mas, infelizmente, nem sempre a política faz bons artistas e a arte, bons políticos."

Lourival Cuquinha (artista)
"Toda arte é vontade de potência de uma ideia e, na medida em que dialoga com outras ideias, se politifica. Acho que, quanto mais se relacionar, mais arte e mais política é. Ela existe quando existe alguém discutindo-a, mesmo que internamente, diante dela. A vontade de todo "objeto" artístico é política, pois requer espaço nas ideias."

Rodrigo Braga (artista)
"Entendo que arte por si só lida com valores - dos mais subjetivos aos cuidadosamente construídos - e que isso já agregaria a ela um potencial político, transformador etc. Contudo, eu não generalizaria em dizer que 'toda arte é política'. Algumas formas de arte não conseguem sair dos valores e sentidos criados apenas no campo restrito da própria arte, não gerando poder discursivo maior, que possa vir a reverberar nos códigos sociopolíticos ou mesmo na formulação de novos pensamentos para além do pequeno universo da arte."



Ainda gostaria de compartilhar um dos trabalhos do artista contemporâneo Jonathas de Andrade que contém um viés político, afim de exemplificar tudo que foi dito.


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Evandro Teixeira

"Sou um homem manejando uma câmera. Quando bem operada, é um fósforo aceso na escuridão. Ilumina fatos nem sempre compreensíveis. Oferece lampejos, revela dores do impasse do mundo. E desperta nos homens o desejo de destruir esse impasse."
(Evandro Teixeira) 






Hoje, o post fala sobre um dos principais fotojornalistas do mundo que se destaca nas fotos de personalidades e momentos históricos do Brasil.
Evandro Teixeira trabalhou em alguns jornais do país, mas também já expôs seus trabalhos em mostras individuais e coletivas. Destacou-se, principalmente, com sua presença na mostra dos 40 mais importantes fotógrafos do mundo em Nova Iorque. Ao lado de Sebastião Salgado, Henri Cartier Bresson, Robert Capa e Marc Ribaud, grandes nomes da fotografia.
Ao meu ver, ele rompe o limite entre artista e fotojornalista. Seu olhar e consequentemente seus trabalhos são precisos pois captam o momento certo, aquele que diz tudo e fala por si só. Algo que também faz a diferença é a presença do efeito preto e branco em muitas de suas fotos. Isso acaba dando uma maior dramaticidade e um impacto maior ao que está sendo retrato na fotografia.
Valorizo muito aqueles que sabem fotografar pessoas em situações de tensão, algo que aconteceu bastante durante a ditadura, pois é necessária uma habilidade de transformar em poesia um momento conflituoso.
Muitas pessoas já fizeram depoimentos sobre Evandro Teixeira, incluindo Carlos Drummond de Andrade e Chico Buarque, que disse o seguinte: "Qualquer matéria, mesmo quando têm outros fotógrafos, ele sempre se destaca."
Uma coisa é fato! Para exercer a profissão de fotógrafo é necessária a sensibilidade, o olhar sensível diante da vida.

Achei também esse vídeo sobre ele que resume bem seus principais trabalhos juntamente com um discurso bonito e coerente:

"Homenagem a Evandro Teixeira"

    "OLHAR – Uma reunião dos mais      marcantes trabalhos do fotógrafo    Evandro Teixeira que contam  passagens importantes da história  recente do Brasil, suas belezas e  contrastes. Uma homenagem ao olhar  profundo desse fotógrafo na alma de  um país e dos seus tantos famosos e  anônimos personagens."









Finalizo esse post acrescentando que o mês de Maio trará uma exposição de fotografias no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo para quem se interessa pela "arte mais popular e democrática da atualidade", segundo o jornal O Globo dessa quinta-feira. 
A exposição não conta com Evandro Teixeira mas sim com outros seis artistas, entre eles, Josef Koudelka, Valdir Cruz (brasileiro) e Gregory Crewdson (citado por mim anteriormente aqui)
Então, para você que mora em São Paulo ou irá visitar a cidade por agora aproveite para ir nesse evento!